Matéria publicada na BBC Brasil alerta sobre um efeito pouco conhecido do desemprego: a criação de funcionários-polvo.
A baixa de alguns funcionários sobrecarrega os que permanecem, acumulando múltiplas funções. Isto é agravado pelo medo da demissão, às vezes utilizada de forma maquiavélica por chefes despreparados.
Os funcionários que assumem estes papéis são normalmente os mais versáteis, e num primeiro momento se sentem orgulhosos por terem permanecido. Nota-se um aumento da produtividade, pois os menos produtivos foram demitidos, mas o pico da curva é limitado exatamente no momento em que os funcionários se cansam. As pessoas não conseguem dar 100% de si o tempo todo.
A partir do momento onde os funcionários-polvo são levados ao limite, começa uma baixa na produtividade. As serviços são entregues com má qualidade, desmotivando o funcionário que vê tanto trabalho dar em nada. Isto pode desencadear um círculo vicioso, onde mais trabalho implica numa piora na qualidade, demandando retrabalho. O ambiente torna-se cada mais cinzento, diminuindo ainda mais a motivação, realimentando o ciclo.
Como interromper este ciclo?
Quebrar este círculo vicioso não é fácil. Exigirá maturidade da gestão, reconhecendo a incapacidade de continuar desta forma. Envolver os funcionários numa solução comum, pedindo sugestões, pode ser uma boa estratégia. Se sentirão comprometidos para que aquilo funcione.Eliminar os desperdícios é vital. Falei em outro post sobre os 8 tipos de desperdícios, segundo a metodologia Lean.
Por último, talvez seja necessário um downsizing, revisando as metas e selecionando os clientes mais rentáveis. Isto irá diminuir o faturamento, mas preservar os lucros e garantir o funcionamento da empresa. Os clientes que restarem serão melhor atendidos, e a satisfação no trabalho aos poucos vai retornando.
Luciano Oliveira
Curitiba, 17 de março de 2017
lramosoliveira@yahoo.com.br
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